Percebeu aumento do fluxo menstrual? Vem saber o que pode ser

Quando se trata de saúde íntima, conhecer o próprio corpo é tudo. O que é normal para a sua amiga pode ser um sinal de alerta para você. O aumento do fluxo menstrual pode ser um desses sinais, principalmente quando acontece de forma repentina e atrapalha o seu dia a dia.

O aumento do fluxo menstrual

O fluxo menstrual intenso pode ser uma característica natural do seu organismo. Ter fluxo intenso significa que você precisa trocar o absorvente com mais frequência - os intervalos podem ser curtos mesmo, como apenas algumas horas. 

Também podem acontecer vazamentos de vez em quando e você pode notar a presença de coágulos, aquelas pequenas bolinhas de sangue, sabe? Também pode ser que você fique menstruada por muitos dias, tipo a semana inteira.

Por outro lado, você precisa ficar esperta para o fluxo menstrual aumentado, ou seja, aquele que aumenta de intensidade e fica mais forte do que o normal.

Causas do fluxo menstrual aumentado

Se o seu fluxo menstrual está mais intenso do que costumava ser, pode ser que você esteja com alguma doença íntima, como:

• Mioma: é um tipo de tumor benigno que pode surgir na idade fértil da mulher. Essa condição pode aparecer por conta de histórico familiar e aumento do estrogênio, o hormônio que regula a ovulação, por exemplo. Ela não é grave e não tem chances de virar câncer, mas em alguns casos pode provocar muitas cólicas e um fluxo tão intenso que incomoda. Também pode dificultar a possibilidade de a mulher engravidar.

• Endometriose: é provocada por células do endométrio, o tecido que reveste o útero, que "caem" nos ovários ou na cavidade abdominal. Em condições normais, essas células saem do corpo pela menstruação. Mas no caso da doença, elas se movimentam no sentido contrário, para dentro do corpo, voltam a se multiplicar e a sangrar dentro da gente.

• Pólipos no útero: os pólipos são nódulos, normalmente benignos e sem risco cancerígeno, que surgem a partir de inflamações ou infecções na região uterina.

• Disfunção ovulatória: esse problema, que acontece nos ovários, causa algumas modificações hormonais, principalmente nos primeiros anos de ciclo menstrual. A Síndrome dos Ovários Policísticos também pode estar ligada à hemorragia menstrual.

O uso de certos medicamentos e hormônios também pode provocar o fluxo menstrual aumentado. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental para identificar se algum tratamento está provocando a menstruação tão intensa. Nunca use medicamentos por contra própria 🙂

Como identificar

Em uma conversa com a ginecologista Rebeca Gerhardt, ela explicou que a menstruação considerada normal dura até oito dias. Quando o sangue desce por mais tempo, mas é só aquela borra de café dos dias sobressalentes, não costuma haver motivo para preocupação. No entanto, se descer por mais de oito dias com sangue ainda vermelho forte e em mais quantidade, pode ser que você esteja com alguma condição de saúde íntima.

Se você menstrua por menos de oito dias, mas com fluxo intenso em todos eles, também é preciso ir ao ginecologista. Menstruar a ponto de quase não dar conta de trocar o absorvente de tanto sangue que desce não é normal quando acontece ao longo de vários dias.

E se o aumento do fluxo menstrual vier acompanhado de outros sintomas, motivo redobrado para bater um papo com o médico. 

Preste atenção nos sintomas

Segundo a dra. Rebeca, a presença de sintomas como cólicas muito intensas, dores fortes na região pélvica e na lombar e dor na hora do sexo são sintomas que também podem indicar doenças como miomas no útero e endometriose. 

No entanto, os sintomas do ciclo menstrual variam de pessoa para pessoa, inclusive a intensidade do sangramento. Inclusive, toda mulher pode apresentar o aumento do fluxo menstrual a qualquer momento da vida, então nem sempre indica problemas.

No entanto, observar o próprio corpo e estar atenta para qualquer mudança é a chave para identificar qualquer condição que possa comprometer a sua qualidade de vida e saúde. Não deixe de ir ao ginecologista regularmente e de consultar o especialista sempre que necessário, inclusive se notar um sangramento uterino anormal. 

Camila Luz 

Jornalista formada pela Cásper Líbero, estudou Mídias Internacionais na Université Paris 8 e é mestre em Jornalismo e Direitos Humanos, com especialização em Diplomacia, pela Sciences Po Paris. Escreve sobre saúde, ciência e tecnologia desde 2016, com maior dedicação à saúde da mulher. Também é consultora em comunicação para organizações internacionais. Vive em Washington D.C. (EUA) e é fã assídua dos livros da Elena Ferrante.

Dra. Rebeca Gerhardt

Ginecologista e obstetra formada pela Universidade Estadual de Londrina – sua cidade natal – compartilha todo seu conhecimento médico com Kira e suas leitoras. Fala sem estigmas sobre saúde íntima, sexualidade, cuidados com a ppk e autoestima.